O assunto virou pauta recentemente após uma declaração do CEO de uma escola de negócios no Brasil, o qual falou a seguinte frase: “Deus me livre de mulher CEO”.
Apenas 5% das posições de CEO no Brasil são ocupadas por mulheres (um aumento de apenas 1% em relação a 2023), segundo a Vila Nova Partners, que mapeou 83 empresas com ações listadas na Bolsa de Valores. O cenário é o mesmo quando falamos de mundo, onde apenas 6% de CEO´s são mulheres, segundo a 8ª edição “Women in the Boardroom”, pesquisa realizada pela Deloitte, empresa global de consultoria e auditoria.
As pesquisas revelam um cenário ainda preocupante e que precisa avançar muito no mundo. O assunto virou pauta nos últimos meses após uma declaração do CEO de uma escola de negócios no Brasil, o qual falou a seguinte frase: ‘Deus me livre de mulher CEO’: Após comentário polêmico, o empresário deixou o cargo e a escola de negócios passou a ter uma liderança feminina, que ocupa hoje o mais alto cargo da hierarquia corporativa da empresa.
A repercussão negativa da declaração do CEO não se limitou às redes sociais. Poucas horas antes do anúncio de que haveria troca do comando na empresa, uma grande marca de lingeries no Brasil, na qual ele fazia parte no conselho consultivo, informou que o mesmo não faria mais parte da companhia.
O cenário refletido no Brasil e no mundo contradiz uma pesquisa da organização Leadership Circle com base em análises de mais de 84 mil líderes e 1,5 milhão de avaliadores (incluindo chefe, chefe do chefe, colegas, subordinados diretos e outros), a qual mostra que as lideranças femininas aparecem com mais eficácia do que seus colegas homens em todos os níveis de gerenciamento e faixas etárias.
Um relatório da IBM deste ano afirma ainda que “as mulheres permanecem extremamente sub-representadas nos níveis de gerenciamento intermediário, comprometendo as perspectivas de um cenário saudável de futuras lideranças femininas”. Então, como você pode desenvolver mais mulheres para gerar equidade e melhores resultados?
Veruska Galvão, especialista em desenvolvimento humano e organizacional e fundadora da Akademia de Transformação Organizacional, afirma que o cenário revelado pelas pesquisas, que mostra um número muito baixo de mulheres na alta liderança no Brasil e no mundo, reflete uma questão cultural que precisa ser transformada. A presença feminina nos cargos de liderança inclui a diversidade de pensamento, ideias e perspectivas, sendo fundamental para a inovação e o sucesso das organizações. “Para transformar essa realidade, é preciso adotar novas práticas culturais”, afirma Veruska.
A empresária destaca que a presença de mulheres em posições de liderança vai além de uma questão de igualdade, é um fator que pode melhorar o desempenho nos negócios. “As mulheres trazem uma diversidade de características que são fundamentais para uma liderança eficaz. Além das habilidades técnicas, sua intuição, capacidade de estabelecer conexões, as habilidades de colaboração e a empatia são atributos que enriquecem a dinâmica das equipes e fomentam a inovação. Quando há mulheres em cargos de liderança, como CEO´s, essas qualidades se traduzem em resultados positivos para as organizações”, explica.
Veruska Galvão afirma que mulheres na alta liderança possuem uma capacidade única de tomar decisões e enfrentar crises. “A liderança feminina é inclusiva, incentiva a participação e compartilha informações e poder com suas equipes. As mulheres tendem a criar e fortalecer identidades de grupo e, no âmbito emocional, são geralmente mais aptas a considerar o lado humano dos indivíduos, o que leva suas equipes a uma alta performance. Portanto, as empresas de todo o mundo precisam de mais mulheres como CEO´s”, conclui Veruska.